domingo, 19 de agosto de 2007

Rio amigo, Sol abrigo

uma nascente, um rio, uma cachoeira, os afluentes, a seca, a chuva, a tempestade, o vento, o frio, o ciclo findo.

a primavera veio!
terra pronta e semeada
está a colheita...

um girassol torto
naturalmente torto, tortinho.
corre aqui, rio!
apareça, sol!
preciso, preciso..
arrumem as coisas!
não aprendi a esperar

girassóis virados para Lua, nunca vi!
por isso me contorci
nada impede o rio de fluir e desaguar
flua então! deságüe toda minha dor
para que eu possa me recompor...
e refeita por outro amor
girar para o Sol, preparar minhas sementes
meu terreno para a próxima colheita
que essa não está e nunca foi perfeita
seja então bem-vinda a nova fase
o novo cíclico

Francinne Amarante

domingo, 12 de agosto de 2007

Santa fogueira



Arde a boca
Queima a pele
Ferve a verve
Incendeia a cama
Perde a calma
Jorra a alma
Alucinado esparrama
Mel, fel e fogo
A brasa ainda queima
Agora...
As salamandras estão em festa.

Francinne Amarante

sábado, 11 de agosto de 2007

Não me peça o que não posso dar


Pedir permissão para amar?
Quem disse essa bobagem
Não sabe o que é isso
Não sentiu ainda inflamar o coração
Mas, quem sabe um dia, sentirá essa alegria
Misturada a dor, furor, doação, proteção e calmaria
A graça e a loucura do amor
Não se explica
Sentimos ou não.

Francinne Amarante

O perfume

Exibido amor!
Misturados em tesão e paixão
Gosta de marcar território,
Feito bicho no cio,
Enciumado por olhares laterais,
Alucinado e voraz, ‘comocome’ faminto!
Delicada forma animalesca de observar
E beijar, e amarrar, e desejar, e pegar...
Ser pego, beijado, desejado, aceito e lambido
Gota a gota de suor e outros líquidos nossos, absinto
Umedecem olhares, cavernas, bocas e membro
Lascívia não é pecado! Nunca foi!
Que castigo! Nada em comum acordo é proibido
Costas mordiscadas, coxas roxas, beliscadas..
Pura brasa vermelha, carmesim, vinho, laranja, linda.
E queima... Queima tudo nessa fogueira
Desejosa de quereres, favores, amores, paixão que demora
Se for para durar, que dure e doure!
Todo furor, todo amor.

Francinne Amarante

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Rapto

Indomesticável
Assim sou
Indomável
Assim vou
Vôo solo
Vôo solto
Vezes raso
Vezes alto
Vezes raro
Necessário vôo

Francinne Amarante

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Cabuloso

Não atendeste meu chamado
Cega-rega sem noção
Celebrará nada não
Chavelho de araque
Ganhaste o troféu ananás
Chibata no seu lombo
Pé de porco chinfrim
Pode chorar!
O quê? Ficaste desidratado?
Rá-rá-rá...
Chupa-cabra danificado
Dançarino sem gingado
Boca cheia de dentes encavalados
Quero nada contigo mais não!
Tens coragem de falar arrependido?
Alegrinho galhudo
Gaveta de defunto
Envelopaste o discurso patético
Verás que de belo, não tens nem o resto
Inaproveitável!
Ser exibidinho agora, vai?
Gambiarra desencapada
Pega essa guedelha e penteia, palhaço!
Vai procurar tua rima, antipático.

Francinne Amarante