terça-feira, 11 de março de 2008

Dança




Tolices! Feitiços! Disse uma boca qualquer aos ouvidos do amigo.
O errante coração nem ouve esses dizeres malditos.

A mente, tão brilhante, curva-se aos cinco, seis, sete sentidos. Tudo agora é instinto. Imprevisível.

O sangue é androginia. Ferve e a pele solidária arrepia, arde em febre numa saborosa tortura. Vício que pede cura. Pulsa. Compasso. Risco e curva. Traçado.

O amor nem percebe a platéia atenta, úmida, sedenta à cena célebre e obscena. Um instante raro onde a poesia é absoluta limpidez e crueza.

Ele mira, adora a musa com o corpo e o coração em fogo de um poeta-bicho-homem-menino... Nem pensa. Não foge e nem tenta. Belas pernas! Belos movimentos! Vista nascente, boca correnteza, contornos vermelhos, visão em seta.

Ela se descobre, ora menina, ora puta, ora santa. Não sente diferença. Diz a senha. A dama cora a face, a mulher ruboriza inteira, inflama, sua frio e treme. Algo dentro, mais que feme é fero, farto, necessário. A lascívia do laço.

Sim, quero esse! E com um olhar laico, molhado, entrega o que é dela.



Francinne Amarante

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